O primeiro volume da trilogia Fronteiras do Universo, de Philip Pullman, se passa em um mundo muito parecido com o nosso – mas com algumas curiosas diferenças. Ciência e religião se confundem. Todo ser humano possui um daemon, um animal inseparável que na infância toma várias formas. E existe um raríssimo objeto que aponta a verdade, mas ninguém sabe fazê-lo funcionar. Lyra é uma menina levada que vive na tranqüila cidade universitária de Oxford, na Inglaterra. Lá, crianças começam a desaparecer. E quando seu grande amigo Roger, some, Lyra parte em sua busca, disposta a desafiar seus próprios temores. Na paisagem árida do Norte, onde tenta encontrar Roger, Lyra enfrenta uma terrível conspiração que faz uso de crianças-cobaias em sinistras experiências. Entre ursos usando armadura e bruxas que sobrevoam as sombrias geleiras, Lyra terá que fazer alianças inesperadas se quiser salvar o amigo de seu trágico destino.
A historia
começa com Lyra, uma menina que digamos é bem rebelde para a idade dela, e seu
Daemon – no mundo de Lyra as almas andam lado a lado com seus donos –
Pantalaimon indo se esconder na sala privativa, onde mulheres não podem entrar.
Sem querer ela vê que o reitor da faculdade está tentando envenenar seu tio,
Lorde Asriel. Um homem poderoso e muito viajado. Ela consegue alertar o tio e
ver a reunião secreta que ele planejava na sala. Então ela descobre sobre o Pó.
Alguma coisa no modo como ele disse isso fez Lyra imaginar “Pó” com letra maiúscula, como se não fosse uma poeira comum. – pág. 32
Mas há um
perigo correndo nas ruas de Oxford, na Inglaterra. Crianças estão sumindo.
Sendo raptadas pelos “Papões”. E ninguém sabe as intenções dessas pessoas com
as crianças Gipcias – são os ciganos do mundo de Lyra – e as mais pobres. Lyra
leva isso na brincadeira até seu melhor amigo, Roger, ser raptado também. Só
que no mesmo dia em que ele some, uma mulher maravilhosa e superinteressante
aparece na faculdade de Jordan – onde Lyra mora, com vários catedráticos. A Sra.
Coulter.
O que a Sra. Coulter estava dizendo parecia ser acompanhado de um perfume de “adultez”, alguma coisa ao mesmo tempo perturbadora e atraente: era cheiro do luxo. – pág. 89
Então Lyra
vai morar com a Sra. Coulter, mas antes de partir o reitor da faculdade lhe
entrega o Aletômentro – um instrumento que sempre diz a verdade -, com a
condição de nunca mostrar para a Sra. Coulter. Lyra acata a ordem e parte com a
mulher.
Só que aos
poucos a Sra. Coulter vai mostrando quem ela realmente é. Má. E Lyra descobre
que ela é do Conselho de Oblação. Ela faz parte dos “Papões”. Então Lyra foge e
encontra uma família gípcia que costumava a comerciar em Oxford. Eles a acolhem
e a levam para a reunião com Lorde Faa – rei dos Gípsios.
[...] (Lyra) tinha medo de John Faa, e o que mais temia nele era sua bondade. – pág. 137
Depois de
muitas reuniões, um grupo de Gípsios sai em uma viagem para o norte. Em busca
das crianças raptadas. E Lyra vai com eles. Numa das paradas ela conhece um
urso de armadura renegado chamado Iorek Byrnison. Ele aceita trabalhar com
eles, mas a única condição é que lhe devolvam sua armadura.
[...] Eu sou um urso de armadura: a guerra é o mar onde nado e o ar que respiro. [...] – pág. 198
Então Lyra,
olha no aletômentro – que ela aprende a ler sozinha – e descobre onde a
armadura está. E com isso a viagem para resgatar as crianças começa.
Certo, eu já
havia lido esse livro há mais ou menos, três anos atrás, e não tinha gostado
como gostei agora. Não que eu não tenha gostado na época, é que eu não tinha o
conhecimento que eu tenho hoje. Eu tinha acabado de ler Nárnia. Eu tinha um
padrão estabelecido na minha cabeça. E como o Philip Pullman fez o livro porque
ele odiou o fim de Nárnia, eu não tinha me simpatizado muito com a história.
Mas agora eu consigo entender a magnitude dessa historia. Como Philip Pullman
pôs os fatos. É um livro que quando você pega, não consegue mais largar. Você
se apaixona pelos personagens. Você vibra por eles. Você quer que Lyra consiga
resgatar as crianças. É um livro muito bom. Completo. E o filme que fizeram
sobre ele, simplesmente destruiu a beleza dessa história tão linda. Há momentos
no livro em que eu realmente senti os sentimentos de Lyra. Principalmente
quando ela diz sobre a Aurora Boreal.
A luz enchia todo o céu ao Norte; sua imensidão mal podia ser concebida. Como se presas no próprio céu, grandes, grandes cortinas de delicada luz prendiam e estremeciam. Com seus tons de verde-claro e rosa, transparentes como a renda mais fina, e tendo como bainha uma faixa de uma púrpura profundo e gritante como as chamas do inferno, elas balançavam e cintilavam com mais graça do que a mais graciosa dançarina. Lyra chegou a pensar que as escutava: um sussurro intenso e distante. No meio daquela delicadeza evanescente, ela experimentou uma emoção tão profunda como a que havia sentido quando estava perto do urso. – pág. 200
E o amor que
ela tem por Iorek e ele tem por ela, também é lindo. É um sentimento tão puro,
que não pode ser corrompido. Eu simplesmente queria que Iorek fosse humano para
ele poder ficar com Lyra.
Um livro com
cenas marcantes, e até um pouco perturbadoras. É um livro que eu recomendo para
todos. É uma ótima leitura, mas que se tem que fazer com a mente aberta. Sem
preconceitos.
E ela estava consciente de que todos os outros ursos também faziam essa comparação. Mas Iorek e Iofur eram mais do que apenas dois ursos: eram dois tipos de vida, dois futuros, dois destinos. Iofur tinha começado a levá-los numa direção, e Iorek iria levá-los em outra, e no mesmo instante em que o futuro morria, outro começaria a existir. – pág. 368Então, o que acharam? A próxima vai resenha vai ser de A Faca Sutil, continuação d'A Bússola Dourada.
Peace out!
Amy F.